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“A criança em nós”, um artigo de Dulci Alma Hohgraefe

Falar em criança sempre nos remete à espontaneidade, simplicidade e autenticidade, pois são essas as características mais marcantes nessa fase da vida em que todos iniciamos a jornada terrena.

A fragilidade com que os pequenos se apresentam acaba despertando nos adultos uma ternura que permite que sejam sinceros, deixando preconceitos e formalidades para trás para serem autênticos e verdadeiros.

À medida que vão crescendo, infelizmente as convenções sociais e muitas vezes em nome da educação essa espontaneidade vai sendo combatida e não recomendada, pois poderá trazer consequências comprometedoras para o convívio social. Aí começam as mentirinhas e simulações para agradar e ser aceito pelos outros, que de certa forma acabam por comandar o comportamento, deixando sufocar aquela maneira sincera e franca de ser para sermos aceitos e nos sentirmos pertencentes ao grupo ou sociedade.

O pertencimento é uma questão essencial para o ser humano, pois o integra ao ambiente em que vive e se relaciona, aquela necessidade de aceitação e aprovação necessárias para seu desenvolvimento integral, que acaba falando mais alto.

É esse movimento que acaba sufocando aquela criança interior, que não mais se permite manifestar em sua pureza para não ser discriminada e rejeitada pelos outros, colocando-a muitas vezes em situações de ridicularização e ingenuidade.

Mas será que temos que sufocar todo esse arsenal de liberdade de expressão e conduta ou podemos em certas ocasiões deixar essa criança interior se manifestar, trazendo mais leveza e autenticidade ao nosso viver?

Certamente teremos oportunidades em que podemos nos expressar livremente, pois a questão está mais no “como” do que no “quê”, porque haverá maneiras menos ofensivas de se manifestar e de dizer as coisas. O tom dado à situação é que define a sua agressividade ou suavidade.

Outra questão que influencia é a credibilidade que passamos, construída pela nossa conduta e respeito diante das situações, pois ela irá definir a aceitação ou não de nossas ações ou falas.

Novamente esbarramos na questão do equilíbrio e bom senso, pois há momentos que permitem nossa espontaneidade e outros que recomendam cuidados, como o silêncio para não magoar ou intimidar os outros.

Façamos esse exercício de permitir vez ou outra a manifestação da criança interior, pois isso nos trará maior leveza e confiança no futuro da humanidade e nos mostrará que nem tudo precisa ser levado tão a sério e na ponta da faca, pois a vida merece ser vivida com alegria e espontaneidade, atendendo aos anseios da alma.

                                                                                       Dulci Alma Hohgraefe

                                                                                       Educadora e escritora

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