Acredito que já podemos partir do pressuposto de que na grande maioria já admitimos que não somos apenas matéria, ou seja, que existe algo além dela, mesmo que ainda pouco sabemos ou entendemos dessa realidade, visto que não é palpável nem ponderável.
Partindo desse pressuposto podemos inferir que há muito a conhecer e aprender nessa seara, pois pouco desenvolvemos nossa sensibilidade para acessar os meandros dessa realidade sutil e complexa, levando em conta nosso estágio evolutivo.
Uma vez admitida a existência desse espaço interior onde está o comando do ser, faz-se necessário acessá-lo para conhecer nossa essência, ou seja, o que já conquistamos e construímos nessa trajetória de idas e vindas, acumulando vivências diversas, ou seja, aquilo que nos compõem até aqui.
Toda e qualquer construção, para que possa ser segura e confiável, deve ser edificada em base sólida conhecida e avaliada para evitar acidentes ou percalços futuros, como a casa de pedra da história dos três porquinhos.
Fazendo essa analogia, podemos perceber que todo e qualquer investimento a ser feito na área espiritual deve partir de uma avaliação verdadeira do atual estágio alcançado, o que exige considerável dose de coragem e vontade, visto que nem sempre encontraremos aquilo que desejaríamos.
Há de se fazer um levantamento rigoroso das habilidades/virtudes já conquistadas e também das fragilidades/desafios a enfrentar, sem autoboicote, pois é dessa sinceridade que poderá sair uma proposta ou propósito verdadeiro, que seja suporte para um planejamento com possibilidades de êxito, mesmo que sejam necessárias retomadas e readequações diante das transformações céleres em andamento.
Todo o avanço depende desse enfrentamento fidedigno e confiável, que uma vez acolhido e assumido norteará passos seguros que possam compor a espiral da vida de forma natural e ascendente, fluindo com os desígnios do universo em toda a sua beleza e perfeição.
Com todo essa análise, fica evidente a urgência de se colocar no encalço do autoconhecimento, pois somente a partir dele que podemos iniciar um planejamento com perspectiva de avanço, visto que partirá de uma base real e consistente.
Temos que nos lançar com certa bravura e ousadia nesse processo, visto que ainda somos arredios a mudanças, preferindo a acomodação nas certezas passageiras e mutantes, sentindo desconforto e tendo dificuldades de desapegar de velhos hábitos e práticas, muitas vezes perdendo tempo precioso, o que somente perceberemos no futuro. Já não há tempo a perder, coloquemos a mão na massa o quanto antes, o que evitará desgastes e dores, trazendo ganhos e sabedoria para a caminhada, seguindo os passos luminosos dos grandes mestres que nos antecederam!
“O inadiável autoencontro”, um artigo de Dulci Alma Hohgraefe

19
abr